terça-feira, 9 de junho de 2020

Por que “fruto do Espírito” e não “frutos do Espírito”?














Por que na Bíblia cita nove “frutos” do Espírito, mas cita no singular “fruto do Espírito” e não no plural?

Esta observação é bem interessante. Esse texto que narra o fruto do Espírito de fato é muito rico e o uso do singular tem sim explicações interessantes que nos ajudam a entender como é a atuação do Espírito Santo em nossas vidas.

Vamos entendê-lo melhor

(1) O texto citado se encontra em Gálatas 5:22-23, que diz: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei”.

A primeira coisa a ser dita é que a construção nos originais em grego de fato está no singular. Paulo realmente quis dizer “fruto do Espírito” e não “frutos do Espírito”. Sabendo disso, o que será que Paulo quis ensinar, o que ele quis dizer, qual o ensino para esse uso no singular?

(2) O primeiro motivo de usar “fruto” aponta para a ideia de que todas as qualidades citadas (nove qualidades) devem formar uma unidade na vida do crente. Todas devem estar presentes para que o fruto esteja completo e saudável. A ideia é de completude, unidade! Pensemos, por exemplo, em um cacho de uvas: um único cacho com várias uvas.

Esse cacho seria o “fruto do Espírito” e as uvas as qualidades. Se uma dessas uvas está podre contamina todas as outras. Poderíamos também citar a figura da tangerina, um único fruto com vários gomos. Se um deles está com problemas, toda a fruta fica comprometida. Paulo parece querer mostrar a importância de todas essas qualidades estarem unidas e ativas na vida do crente na figura de um único fruto saudável.

(3) O segundo motivo de usar “fruto” aponta para a ideia de que Paulo está querendo diferenciar “dom” de “fruto do Espírito”. O dom é algo que é distribuído por Deus para seus servos com o objetivo de servirem à Sua obra. Nem todas as pessoas têm o mesmo dom, ou seja, existe diferenciação, diversificação.

Um pode ter o dom de ensino e o outro não, por exemplo. Já sobre o fruto do Espírito, Paulo quis mostrar que todo crente deve tê-lo, pois ao que tem o Espírito Santo em sua vida, espera-se que desenvolva (todas) essas qualidades (um fruto completo) ao passo que rejeita as obras da carne.

(4) O terceiro motivo de usar “fruto” é que fruto é o resultado. Ou seja, na vida do crente existe um resultado provocado pela ação do Espírito. Esse resultado se apresenta sob diversas práticas positivas, abençoadas, guiadas por Deus. A esse resultado da ação do Espírito Santo, Paulo dá o nome de “fruto”, pois é algo único e precioso que nasce da ação de Deus na vida do crente.

O foco está todo naquele que provoca o nascimento dessas ações, o próprio Espírito Santo (como se fosse a árvore que nutre e provoca o nascimento e amadurecimento do fruto). Essa ação provoca o nascimento de um lindo fruto saudável (resultado).

A ideia é que se “abrirmos” esse fruto, olharmos ele por dentro veremos: “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio”.

Pb. André Sanches
Pb. João Placoná