De alguns bons anos para
cá a pregação centrada nas Escrituras começou a se tornar cada vez mais rara
nos púlpitos dos grandes eventos.
Tem diminuído significativamente
o número dos expoentes itinerantes da Palavra do Senhor, enquanto aumenta de
modo considerável, a quantidade de pregadores malabaristas, animadores de
auditório e milagreiros.
Creio que, em decorrência
do falecimento de alguns expoentes que tinham um ministério itinerante e da
queda espiritual de outros, durante a última década do século XX, houve um
certo vazio no púlpito dos eventos de grande porte que exercem forte influência
sobre os obreiros mais jovens e a lacuna demorou a ser preenchida.
Como resultado disso, “conferencistas
internacionais”, verdadeiras celebridades, passaram a substituir os expoentes
da Palavra de Deus, homens chamados verdadeiramente pelo Senhor para exercer um
ministério itinerante e compromissados com a sã doutrina.
Hoje o modelo que encanta
multidões ainda é o da pregação interativa, no melhor estilo “diga isto e
aquilo para o seu irmão”, com pouquíssima exposição bíblica e malabarismos de
sobra.
Prioriza-se a forma, em
detrimento do conteúdo, o espetáculo, com detrimento da mensagem; o desempenho
do pregador, em detrimento da eficácia da Palavra de Deus; o carisma em
detrimento do caráter.
Enfim, a pregação do
século XXI, em geral, é muito mais antropocêntrica do que cristocêntrica. E,
como conseqüência disso, muitos crentes já não suportam a explanação da viva e
eficaz Palavra do Senhor.
A pregação sem modismos é
encarada como simples demais e enfadonha para esses tempos pós-modernos.
Os novos convertidos, por
falta de ensino da são doutrina, querem movimento, animação, berros prolongados
ao microfone, exibição teatral, entretenimento, etc.
A exposição
verdadeiramente ungida das Escrituras perdeu a primazia. E quem critica a
pregação interativa é considerado retrógrado, ultrapassado, invejoso, sem unção, inimigo do “mover de Deus” e cético. São tantos e tantos adjetivos...
Pois bem! Podem nos
chamar de saudosistas, mas:
Houve
um tempo em que os crentes gostavam de orar. Nessa época eles murmuravam pouco,
por falta de tempo e de oportunidade e não perdiam nenhum ensejo para
apresentar sua adoração, sua oração e sua intercessão diante do Trono do Pai.
Houve
um tempo em que os cultos não eram um espetáculo, senão um cenáculo espiritual.
Houve
um tempo em que os pastores se dedicavam à leitura da Palavra. Eles não se
envolviam com política, nem secular nem eclesiástica. Eles não viviam obcecados
por títulos e cargos, quer na sua comunidade, quer no âmbito nacional.
Houve
um tempo que as Convenções eram convocadas para que os obreiros mais jovens
ouvissem estudos bíblicos e experiências notáveis dos mais antigos, e assim
eram fortalecidos e robustecidos: na fé e no ministério. Nesse tempo, ir a uma
reunião convencional era um grande sonho, uma ardente paixão, um negócio de
Deus.
Houve
um tempo em que os presidentes não eram ditadores e os líderes não eram
senhores de engenho. Todos viviam mergulhados no mar da graça misericordiosa do
Senhor Jesus.
Houve
um tempo a Casa de Deus não parecia com um sindicato, por ser exatamente uma
assembléia dos santos.
Houve
um tempo em que não havia nas igrejas círculo de oração, porque todos os
crentes oravam, e não apenas uma meia-dúzia de irmãs abnegadas e de total
renuncia.
Houve
um tempo em que os jovens crentes não se enamoravam de senhoritas ímpias e
assim o vírus do jugo desigual não se inoculava nos arraiais dos santos.
Houve
um tempo em que não se cantava nem se pregava por dinheiro e assim a inspiração
fluía sem tropeços, o púlpito não era balcão de barganhas e nem de aplausos
para homens, porque o louvor se destinava exclusivamente a Deus.
Houve
um tempo em que os cultos não eram shows, os ministros não eram artistas e os
santos de Deus não eram galera.
Houve
um tempo em que os compositores de hinos não eram sacoleiros, os cantores não
tinham empresários e os pregadores não eram galãs.
Houve
um tempo em que os crentes não deixavam de ir aos cultos por causa das novelas,
as crianças não deixavam de ler a bíblia por causa dos videogames e os
adolescentes não deixavam de jejuar por causa das lan-houses, dos facebooks,
dos WhatsApps.
Houve
um tempo em que jovens crentes se respeitavam mutuamente e deixavam as práticas
de intimidade sexual para depois da cerimônia de matrimônio no altar sagrado.
Houve
um tempo em que as moças crentes casavam virgens, os rapazes crentes eram
abstinentes e os motéis não eram jamais por eles visitados.
Houve
um tempo em que falar mal dos pastores era abominação e ser infiel a Deus era
apostasia.
Houve
um tempo em que se pregava a misericórdia, o perdão, o arrependimento e o juízo
de Deus.
Houve
um tempo em que a letra sacra dos hinos inspirados não era abafada pelo barulho
ensurdecedor das baterias.
Houve
um tempo em que os Congressos eram selados com batismo com o Espírito Santo e
não com jogo de luzes, bem ao estilo Hollywood.
Houve
um tempo em que não se pagava para ir a um evento evangélico, porque os
pregadores e cantores não eram artistas.
Houve
um tempo em que "os mais belos hinos e poesias foram feitos em
tribulação" e os que os apresentavam ao público jamais sonharam comparadas
de sucesso.
Houve
um tempo em que ser pastor dependia basicamente de um chamado, uma vocação, um
compromisso e um testemunho público perante a Noiva do Senhor Jesus.
Houve
um tempo em que os itinerantes, especialmente aqueles que nunca pastorearam,
respeitavam os pastores e se maravilhavam com o seu difícil e árduo labor.
Houve
um tempo em que ganhar almas era um dever de cada membro da Igreja e excluir um
membro da Igreja era uma tarefa dolorosa, sempre recebida com muita tristeza e
temor.
Houve
um tempo em que os pastores de Jerusalém não excluíam os membros dessa igreja
porque visitaram a de Antioquia.
Houve
um tempo em que mentir era pecado em qualquer lugar. Na Casa de Deus, então,
era totalmente inaceitável.
Houve
um tempo em que os líderes se respeitavam e se amavam; não se devoravam
mutuamente.
Houve
um tempo em que os peixes eram buscados lá fora, em alto mar,
e não no aquário do vizinho mais próximo.
Houve
um tempo em que as congregações não eram agências de empregos, isto é, não se
oferecia vantagens para quem a elas aderisse.
Houve
um tempo em que não se trocava um cartão de membro em uma igreja por uma vaga
no diaconato noutra.
Houve
um tempo em que rebelião não era algo chic. Era uma ofensa
profunda à santidade de Deus e quem a praticava era dito pertencer a Satanás, o
pai de todas as rebeliões.
Houve
um tempo que as senhoras idosas não ensinavam as mais jovens a desobedecerem a
seus maridos e assim as famílias eram mais estáveis.
Houve
um tempo em que, no ato do convite para a salvação, não se
chamava os pecadores de irmãos, e, sim, de amigos.
Houve
um tempo em que ser humilde não estava fora de moda e ser simples não merecia
agressões.
Houve
um tempo em que ser fariseu soava estranho na Casa de Deus e jamais se veria ao
menos um deles ser condecorado.
Houve
um TEMPO em que jamais se sonhava que haveria OUTRO, tão diferente dele, que
nem se poderia imaginar.
Pr.
Ciro Zibordi
Pr.
Geziel Gomes
Pb.
João Placoná