Para
início de conversa, quero deixar claro que creio na contemporaneidade dos dons
espirituais.
Em
outras palavras, não sou cessacionista. Os dons devem permanecer na igreja até
que tenhamos chegado à perfeita estatura de Cristo (Efésios 4:13). A meu ver,
ainda estamos longe disso.
Entretanto,
considero uma blasfêmia atribuir certas manifestações bizarras ao Espírito de
Deus.
É
deprimente assistir pelo Youtube a cultos onde as pessoas são tomadas de
êxtase, girando de um lado pro outro, em gestos e expressões corporais muito
parecidos com os encontrados no candomblé.
Por
que razão o Espírito Santo, meigo do jeito que é, levaria pessoas a se
contorcerem no chão, ou a descaracterizarem suas fisionomias?
O
Apóstolo Paulo afirma que as manifestações do Espírito são para aquilo que for
útil (1 Coríntios 12:7). Então, que utilidade tem de derrubar as pessoas? Que
utilidade tem de ficar rodopiando pelo salão da igreja?
Recuso-me
a crer que tais bizarrices sejam provocadas pelo Espírito de Deus.
Você
imaginaria os discípulos de Jesus fazendo tais coisas? Ou mesmo Jesus, o Filho
de Deus, com Sua face desfigurada, falando em línguas aos berros?
Tais
manifestações devem ser atribuídas à infantilidade de alguns crentes.
Não
duvido de sua sinceridade, nem mesmo ponho em xeque sua experiência com Deus.
Porém,
a maneira como extravasam suas experiências se deve mais ao condicionamento
adquirido em suas congregações. Se numa determinada igreja, as pessoas possuem
manias excêntricas de expressar o gozo do Espírito, um novo crente acabará
assimilando os seus trejeitos.
Há
também uma pitada generosa de exibicionismo. Em certas comunidades, a
espiritualidade é aferida pelo volume do grito, ou pela habilidade em sapatear
de olhos fechados.
Isso
acaba produzindo gente doente, que no afã de chamar atenção, é capaz de
qualquer coisa, por mais ridícula que seja. E o pior é o escândalo que isso
pode provocar na comunidade.
Paulo
diz que nosso culto a Deus deve ser racional (Romanos.12:1), e que devemos
deixar de lado as coisas de menino (1 Coríntios 13:11).
Em
vez de pular, rodopiar, fazer caras e bicos, que tal nos prostrar diante do
Senhor e adorá-Lo em espírito e em verdade?
Ademais,
Jesus disse que o Espírito Santo não chamaria a atenção para Si mesmo, mas para
Cristo (João 16:13-14). Ele é como um holofote sobre Jesus, e não alguém que
queria ser o centro das atenções. Por isso, Ele costuma ser tão discreto.
Abaixo,
algumas considerações suplementares:
1
- Quando digo que considero uma blasfêmia atribuir certas manifestações ao
Espírito Santo, não estou me referindo ao tal "pecado imperdoável",
que seria blasfemar contra o Espírito (se bem que tenho uma visão um pouco
distinta do que seja tal pecado). Usei o termo "blasfêmia" para
enfatizar o que penso, pois por causa de tais manifestações, o nome de Cristo
tem sido vituperado.
2
- A primeira reação que os transeuntes tiveram ao assistirem à manifestação do
Espírito no dia de Pentecostes, foi de maravilhamento, porque os discípulos
falavam línguas das quais não tinham qualquer conhecimento. Apenas um grupo
zombou, afirmando que estariam bêbados. Mas o texto não diz que eles
cambaleavam, rodopiavam, ou coisa parecida. Eles apenas anunciavam a glória de
Deus em vários idiomas.
3
- Quanto à utilidade de tais manifestações, não vejo qualquer ligação entre
elas e a cura, ou outro dom espiritual. Jesus curou tanta gente, sem que
nenhuma precisasse contorcer-se. O único que se jogou ao chão, foi o que tinha
um espírito maligno que o lançava no fogo e na água.
4
- Veja o quanto o Espírito Santo foi discreto no Dia de Pentecostes: a primeira
mensagem pregada por Pedro, tão logo fora cheio do Espírito, foi sobre a Cruz
de Jesus, e não sobre os dons do Espírito. Ele apenas explicou o que era aquele
fenômeno, e em seguida concentrou-se em pregar a Jesus.
Finalizando,
quando há um derramar da unção de Deus em um culto, e nos entregamos a este
derramar, dá vontade de fazer muitas coisas, como por exemplo: correr, voar,
pular, chorar, sorrir etc. porque a unção vem de Deus, mas toda reação mediante
esta unção é humana, toda reação vem da nossa emoção é por isso que a palavra
de Deus nos diz que o espírito do profeta é sujeito ao profeta (1º Co 14.32) e
um dos frutos do Espírito Santo é “Temperança” que significa controle e domínio
sobre nossos próprios desejos e paixões.
Por
isso amados vamos sim dar liberdade ao Espírito Santo, para que Ele nos molde
segundo sua vontade, e segundo a Palavra de Deus, vamos orar, clamar, louvar,
cantar e nos derramar na presença de Deus de forma equilibrada e Bíblica,
principalmente pedindo a Deus que faça brotar no nosso coração os Frutos do
Espírito Santo, os quais mostram que realmente somos cheios Dele.
Elias
Tesbita
João
Placoná