segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O Caráter Cristão

Vivemos numa época em que os valores estão sendo descartados dia-a-dia. A sociedade tem andado num ritmo acelerado de inversão de valores a ponto de não nos espantarmos mais com a infinidade de absurdos que nos são comunicados.

O mundo tenta impor, através de diversos meios, que Deus, a família, a igreja, o bom caráter e a moral não são relevantes ou necessários.

Nesta sociedade relativista, o valor absoluto das coisas se perdeu, e cada qual cria seu próprio mundo, sua própria cosmovisão.

Desta forma, os valores que o cristianismo apregoa são considerados por muitos como falidos e ultrapassados.

Valores estranhos que outrora não faziam parte da realidade da igreja passam a ser tolerados.

A igreja que antes era caracterizada por andar na contramão dos valores materialistas tem se deixado levar por modismos e novidades que passam a moldar seu “novo” jeito de ser.

Neste ritmo, já não podemos brilhar como luz do mundo e nem temperar como sal da terra.

Neste ritmo, a moral e o bom caráter não têm um valor tão intenso como deveria ter.

Não importa se a igreja faz a diferença no meio em que está inserida, em sua comunidade, mas o que importa é ser numérica, mesmo que não tenha qualidade.

O objetivo deste estudo é definir e apresentar uma proposta para trazer para a aplicação pessoal a essência do caráter cristão, entendendo como ele é formado, quais são seus valores, suas virtudes. Veremos como isso faz toda diferença.

Definição

Segundo o Dicionário Aurélio, caráter é definido por: “qualidade inerente a uma pessoa, animal ou coisa; o que os distingue de outra pessoa, animal ou coisa; o conjunto dos traços particulares, o modo de ser de um indivíduo, ou de um grupo; índole, natureza, temperamento”.

Caráter é algo que vai sendo formado e impresso com o tempo em nosso interior, uma verdadeira marca.

O caráter de cada qual não é formado do dia para noite. É um processo gradual que está relacionado a um amplo conjunto de fatores que influenciam na formação de cada um.

Meios como TV, internet, família, religião, infância, desprazeres, decepções, alegrias, enfim, uma gama variada de fatores influencia na formação do caráter de cada indivíduo. Desde o berço.

O caráter cristão – formação, influências e virtudes

Assim como o caráter de cada indivíduo é formado desde o berço, nosso caráter cristão também passa a ser moldado desde o primeiro passo de nossa caminhada com Cristo (Jo 1.12; 3.3).

Os valores do Reino de Deus passam a ser impressos em nós, para que verdadeiramente possamos ser seguidores de Jesus Cristo genuinamente.

Deus usa de muitos meios e formas para que o caráter de seus filhos seja formado, mas sem dúvida alguma, o principal fator de influência é o agir da Palavra dEle na vida de cada um, bem como o consolo e direção que o Espírito Santo dá aos Seus (Ef 1.13).

Afinal, o que pode ser considerado como um caráter cristão? Podemos relacionar alguns pontos, que evidentemente, não serão os únicos:

1) Não se trata apenas de bons valores morais

Apesar de o cristianismo carregar implicitamente um forte viés moral – pois a Bíblia nos dá parâmetros morais – o caráter cristão não está repousando apenas sobre o fato de ser “bom”.

A boa moral está contida, mas de modo algum é o todo. Cada um de nós pode dar exemplos de pessoas que confessam ser cristãs, mas que não são bons exemplos de conduta digna, bem como pessoas não cristãs que são cidadãos de bem.

2) O cristão genuinamente bíblico admite suas falhas

Cada um de nós, sem exceção, é um pecador (Rm 3.23). Todos temos o pecado dentro de nós, e isso produz limitações e consequentemente falhas.

A virtude do cristão de caráter é ser transparente, é ter dignidade suficiente para admitir que é limitado e que depende completamente da misericórdia e graça do Senhor.

3) O caráter moldado cria controle

Quando nosso caráter entra em fase de maturidade, conseguiremos controlar situações que de algum modo podem manchar a marca de Jesus em nós, afetando nosso testemunho cristão.

Neste ponto de plenitude, não haverá espaço para amargura, ira, discórdia, egoísmo, arrogância, discussões, facções.

Apesar de – eventualmente – tais coisas ocorrerem, precisam ser enfrentadas e enfraquecidas.

Nosso ser por completo, mente, atitude, palavras, precisa ser um meio de culto e adoração permanente (Mc 12.30; Gl 5.22).

Com tal caráter formado em nós, passaremos a frutificar em atitudes que atestam que somos de Deus e temos Sua Palavra em nossas vidas. Passamos a frutificar em virtudes, como: 

Autocontrole: - Manter nossos pensamentos, palavras, ações e atitudes em constante obediência para beneficiar os outros;

Coração puro: - Ser livre de impurezas no altar – no coração. Relacionamento constante com Deus e com a Sua presença, nos limpando genuinamente daquilo que nos separa dEle;

Generosidade: - Perceber que tudo que temos pertence a Deus e dar generosamente para beneficiar os outros;

Humildade: - Ninguém é autossuficiente. Vaidade e soberba não devem encontrar espaço no coração do cristão; tais coisas devem ser banidas de nosso meio! Somos um corpo e dependemos uns dos outros;

Imparcialidade: - Trataremos a todos – seja quem for – de modo único, sem acepção de pessoas. Seremos justos com as pessoas, independente de afinidade, sejam amigos, parentes, irmãos, parceiros de caminhada;

Lealdade: - Usar os tempos difíceis para demonstrarmos nosso comprometimento com os outros ou com o que é correto;

Mansidão: - Serenidade. Ser manso, não permitindo que disputas e discórdias tomem conta. Gentil, sensível e paciente com todos;

Misericórdia: - Compaixão pela dor, “pela miséria do coração” alheio. Entender que nosso próximo pode passar por lutas, dores, infelicidades extremas. Experimentar e participar do sofrimento alheio;

Perdão: - Não guardar rancor das pessoas que nos enganaram;

Prontidão: - Ter plena consciência dos acontecimentos que ocorrem à nossa volta, para reagirmos adequadamente;

Pureza: - Vida separada – santificação – para o Senhor. Uma vida distinta num mundo corrupto;

Responsabilidade: - Saber e fazer o que é esperado de nós;

Sem fingimento: - É prazer pela verdade. Não existe espaço para máscaras e ânimo duplo;

Santidade: - Não ter imperfeições.

Hoje, considere como você pode implantar cada vez mais estas qualidades de caráter em sua vida, para a glória de Deus.

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Pb. João Placoná