domingo, 10 de novembro de 2013

Pastores que visam Lucros

“Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;  e se  recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2ª Tm 4.3-4).

O apóstolo Paulo admoesta seu filho na fé que haverá um tempo “que não suportarão a sã doutrina”, ou seja, uma ação deliberada que se tornará inevitável  na medida em que as pessoas se deixarão atrair pela doutrinas falsas.

“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20.28-30).

O apóstolo Paulo profetizou que se levantariam homens divisores, que, pervertendo a doutrina atrairiam discípulos para si mesmo, falando coisas perversas.

Em nome da fé evangélica algumas denominações estão extrapolando no zelo por arrecadar numerário para a manutenção da Casa do Senhor.

Ora, o compromisso de ajuda pecuniária do crente se restringe única e exclusivamente em ofertar segundo o Novo Testamento.

O apóstolo Paulo escreve a igreja de coríntios dizendo: “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2ª Co 9.7). Se examinados os motivos, são indispensáveis ao atendimento da igreja.

Tem havido uma interpretação perversa de algumas passagens bíblicas, os dízimos passaram a ser um meio de salvação, e não há limites na fixação das ofertas.

É preciso que os desavisados entendam que não podemos comprar as bênçãos de Deus; que não asseguramos a salvação com as obras de nossas mãos; que devemos buscar "primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6.33).

Em segundo lugar devemos garantir a nossa salvação mediante sincero arrependimento, confissão dos pecados, mudança de vida, aceitação de Jesus como Senhor e Salvador.

Na qualidade de salvos, de crentes em Jesus, então cumpriremos seus mandamentos, inclusive o de dizimar, e, nessas condições, faremos jus a todas as bênçãos e promessas catalogadas na Bíblia.

A Bíblia diz que: "Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é dom de Deus - NÃO PELAS OBRAS, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8).

O dízimo e as ofertas alçadas não salvam, mas os salvos são dizimistas e ofertam com alegria. Somos salvos para as boas obras; não somos salvos pelas boas obras.

Não podemos colocar a fé no dízimo, na campanha da qual participamos, nem na denominação em que congregamos. A fé salvífica é a fé no Senhor Jesus, na Sua morte e ressurreição (Jo 3.18; Rm 10.9; Ef 2.8).

Nenhuma religião ou denominação seja católica, seja evangélica, ou outra, é caminho de salvação. O caminho é Jesus (Jo 14.6).

A grande maioria dos que buscam essas denominações que anunciam um evangelho deturpado e viciado são almas frágeis, enfraquecidas pelos embates da vida, e ali vão dispostas a fazer o sacrifício que for sugerido ou determinado, não tem o conhecimento bíblico para refutar as heresias.

Assim, acreditam que se venderem todos os seus bens e entregarem todo o dinheiro "aos pés de Jesus" terão resposta imediata de Deus. A teoria do tudo ou nada é antibíblica e, portanto, herética.

Certas denominações têm ensinado que riqueza é um sinal do favor de Deus, e pobreza um sinal da falta de fé. Esta teologia é antibíblica e herética.

Aqui e acolá tomamos conhecimento de casos de pessoas desesperadas porque depositaram seus bens no cofre da denominação, e agora não possuem nada; que tentaram "comprar" felicidade e bênçãos divinas, e agora ficaram a ver navios; e, o mais terrível, perderam completamente a fé.

Só os pobres serão abençoados, e os ricos irão para o inferno? Não.

Há ricos que não colocam o coração nas riquezas, e são salvos; há pobres que anseiam por serem ricos e não são abençoados.

Vejam: "Os que querem ficar ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males, e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1ª Tm 6.9-10).

Os exemplos a seguir, pelo inusitado e extravagância teológica, sem paralelo na história recente da Igreja, denotam uma situação de ambição desenfreada, de loucura inteligente, de ânsia incontida, só comparável aos tempos da diabólica Inquisição e da venda de indulgências.

Os promotores do mercantilismo religioso sabem que o povo brasileiro traz consigo a herança maldita da idolatria, exemplo das imagens dos santos falecidos, como algo tangível, visível, capaz de "auxiliar" na comunhão com Deus.

Sabedores disto procuram preencher a lacuna substituindo os ícones por outras coisas, seja uma rosa, uma fitinha, um cajado, um tijolinho, um manto, uma vassoura etc.

É realmente uma jogada inteligente. É imperioso que o povo de Deus saiba que coisas não transformam vidas, não trazem bênçãos, não afastam as maldições, não purificam os lares.

A finalidade da Igreja não é arrecadar dinheiro, e o principal compromisso dos crentes não é contribuir com somas cada vez maiores.

Há casos em essas inovações desvirtuam o ensino da Palavra de Deus, voltando às fábulas, exatamente como previsto por Paulo, em sua célebre advertência a Timóteo (2ª Tm 4.3-4).

Técnicas de persuasão e marketing não raro produziram efeitos grandiosos aos olhos humanos, por atraírem as massas. Púlpitos se transformaram em palcos ou palanques nessas igrejas-empresa, igrejas-partido, igrejas-teatro, igrejas-projeto, igreja-comunidade, que brotam do nada e cresceram espetaculosamente, sendo esta explosão de crescimento entendida como aprovação divina aos novos métodos.

Os membros são clientes e, como tais devem sempre estar satisfeitos com os produtos cada dia oferecido. O culto perdeu a solenidade e resume-se a sessões de exorcismo, falsos milagres e louvor de tolos.

Para manter o interesse da clientela, é preciso muita criatividade, mas pouca ou nenhuma doutrina. O “novo evangelho” é agradável e, porque não dizer, light, ou de fácil digestão. Nele não há santificação, novo nascimento e transformação espiritual.

Exortar, ensinar, repreender e disciplinar são verbos desconhecidos, pois afastam a clientela. Enfim, pecado é proibido.

Vejamos algumas inovações que os falsos ministros engrenaram no “Novo Evangelho”.

VASSOURA CONSAGRADA - Durante a campanha os fiéis adquirem por bom preço uma vassoura que, depois de ungida, servirá para varrer toda contaminação da casa. Os comerciantes das localidades onde a campanha da vassoura é lançada lucram muito. Ora, a Bíblia diz claramente que o diabo foge de nós se estivermos sujeitos a Deus (Tiago 4:7). Se não abrirem os olhos espirituais esses fiéis irão pro inferno com vassoura e tudo.

SABONETE DO DESCARREGO - Tomando-se sete banhos com determinado sabonete, adquirido por bom preço, todos os males fogem. Além de Tg 4.7, temos Jo 8.32, 36: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará; porque se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". Somente Jesus pode libertar o homem, jamais um sabonete tem esse poder. O sabonete só limpará a sujeira do corpo. A sujeira da alma só sairá se deixar o pecado e crer em Jesus como filho de Deus.

ÓLEO DE ISRAEL - O ensino de que o óleo de Israel ou de Jericó é ungido não encontra amparo na Palavra de Deus. Esse óleo, vendido a bom preço nas campanhas, não é em nada superior a qualquer óleo comprado em qualquer mercearia. O óleo não cura; é apenas um complemento. Veja o que a Bíblia diz: "Está alguém entre vós doente? Chame os Presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo com óleo em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, o Senhor o levantará; e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados" (Tg 5.14-15). Note que Tiago diz que a oração da fé salvar o doente e não o óleo. As dificuldades e os custos de frete para trazer um tonel de óleo de tão longe colocam dúvida sobre sua real origem.

GOTAS DO SANGUE DE JESUS - Esta é uma das maiores blasfêmias: a venda de doze gotinhas "vermelhinhas e milagrosas", em cartelas. É o máximo de heresia e falta de temor a Deus. O nome e o sangue de Jesus não devem ser vulgarizados. Ademais, trata-se de uma mentira, e mentira é do diabo, o pai da mentira.

PEDRA DE ISRAEL - Leilão de pedra de Israel. Um absurdo. Muitos crentes pensam que tudo que vem de Israel é santo e purificador. O que nos purifica e santifica é Jesus em nós; é a justificação que recebemos no momento em que O aceitamos como Senhor e Salvador pessoal. Se forem muitas pedras, só servirão para algum serviço de construção, e nada mais.

PAGODE GOSPEL - Pistas de dança destinadas aos imitadores de Cristo. Dançar coladinho ou não coladinho é uma prática incompatível com a vida cristã. Não quis acreditar quando me contaram que há casos em que, após a cerimônia religiosa, afastam-se as cadeiras e a turma cai no embalo, com bebida alcoólica e tudo mais. Jesus faria isso? Jesus convidaria seus discípulos para um forrozinho, após um dia de trabalho? Jesus se agradaria se, ao entrar numa sinagoga, encontrasse um bacanal desse?

QUEIMAR PECADOS E PROBLEMAS - Consiste em cada um escrever seus problemas num papel para serem queimados no púlpito. Com isso, entendem que estão livres de suas aflições, dificuldades e pecados. Mentira do diabo. É preciso arrepender-se, confessar os pecados, e deixá-los (Pv 28.13; At 2.38; Rm 10.9).

O MANTO DE JESUS - O manto foi ungido, então todos deverão tocar no manto de Jesus - antes dando sua oferta, assim como fez a mulher com fluxo de sangue. Mentira do diabo. O manto não é de Jesus, e a graça não virá pelo simples toque num pedaço de tecido comprado na loja da esquina. A graça vem pela comunhão com Deus, pela fé na redenção que há em Jesus Cristo, que morreu para que tivéssemos vida abundante (Jo 3.16; 10.10).

SAL GROSSO - Sal grosso afasta demônios. Então compre sal grosso. Mentira do diabo. O que expulsa demônios é o poderoso nome de Jesus (Mr 16.17) e uma vida de sujeição a Deus (Tg 4.7). O que se depreende desses atos indecorosos, é que os fiéis dessas seitas são consumidores cativos em potencial que consomem qualquer coisa, até capim queimado: "Mas os homens maus irão de mal a pior, enganando e sendo enganados" (2ª Tm 3.13). O sal grosso nem é recomendado como condimento na culinária doméstica.

CAJADO DE MOISÉS - A bênção estaria num pedaço de madeira, chamado "cajado de Moisés". Mentira do diabo. O pedaço de madeira foi adquirido no carpinteiro da esquina, não é e não representa o cajado de Moisés. E ainda que fosse, tal objeto nenhuma bênção poderia trazer ao povo de Deus. O crente já é abençoado porque nele mora o Espírito Santo. Coisas não produzem favores divinos. Já somos herdeiros das bênçãos celestiais: "Se somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo" (Rm 8.17).

A Bíblia dá a receita para ficarmos livres das investidas do diabo e de seus demônios: "Sujeitai-vos, pois, a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós. Lavai as mãos, pecadores, e vós de duplo ânimo, purificai os corações" (Tg 4.7-8). Para uma pessoa livrar-se do mal basta aproximar-se de Deus com fé e obediência, arrepender-se e afastar-se do pecado. A Bíblia diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra" (2º Cr 7.14). Não é preciso enxotar o diabo. Ele fugirá diante de um crente fiel. Dispensáveis, pois, vassoura santa, sabonete ungido, sal grosso, óleo de Jericó e tantas outras inutilidades.

Não sei por qual razão os mercadores ainda não lançaram no mercado da fé produtos de há muito conhecidos, tais como vela de sete dias, rosário, imagens e chifre de boi. E por que não uma pirâmide ungida, uma cabeça de bode, um tridente para ferrar o diabo? Ou uma corda para amarrar os demônios?

Por que não santificar e ungir todos os símbolos do ocultismo, e vendê-los? Poder-se-ia alegar que o sagrado estava tomando o lugar do profano. Que tal a ideia da imagem ungida do Senhor Jesus na Glória? Pois o seu sangue e o seu manto já não estão nas prateleiras?

Há realmente campo para diversificação nessa área: o perfume de Madalena, já cantado em hinos, poderia ser ungido para ser usado no dia-a-dia; os cabelos que enxugaram os pés de Jesus; o jumentinho ungido, que carregou Jesus; pedaços da cruz de Cristo; pequenas gotas do mar vermelho, por onde o povo passou; a capa milagrosa de Elias; fios da barba de Arão.

ASSOCIADOS - Aquele que se tornar sócio, e contribuir mensalmente com certa quantia será ricamente abençoados. E já começam a surgiu "entrevistas" de sócios que receberam bênçãos. Os que não aceitam o papel de inscrição de contribuinte ficam numa situação de constrangimento diante da "real" possibilidade de perder a bênção. Isso é mentira do diabo.

Na Igreja do Senhor Jesus temos crentes, irmãos, irmãos de Jesus, santos, salvos, justos, filhos de Deus; não temos associados. Igreja não é clube social.

Contribua ou não, o crente é um filho de Deus, uma pessoa bem-aventurada e herdeiro das promessas. As bênçãos recebidas são por sua condição de crente, e não pela qualidade de associado de um ministério.

ROSA DE SAROM - Rosa ungida, adquirida em campanha por bom preço, destinada a ungir a casa e afastar os males. Nada a ver com o evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Nada a ver com a igreja primitiva dos apóstolos. Essas rosas tiradas do jardim mais próximo ou compradas na floricultura nada têm a ver com a declaração da donzela sulamita, em Cantares 2.1: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales". O nome é sugestivo e a rosa é bela, mas para nada serve. É meio de ganhar dinheiro fácil.

PALMILHA SANTA - Se o irmão calçar a palmilha, comprada em campanha por bom preço, conseguirá tudo o que desejar; se entrar num carro novo, numa concessionária, certamente irá ganhar o carro. Heresia e mentira do diabo.

Vê-se em toda essa loucura inteligente uma forma criativa de aumentar a renda. Nenhuma dessas invenções resiste a um confronto com a Palavra de Deus. “A Bíblia diz: “Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra, e vive tranquilo”; deleita-te no Senhor e ele te concederá os desejos do teu coração”; "entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará" (Sl 37.3-5).

TUDO OU NADA - Esse é o último sacrifício para quem está no fundo do poço; para quem participou de muitas campanhas e nada conseguiu. É o tiro de misericórdia. As entrevistas televisivas não contemplam os casos de desespero; apresentam os que obtiveram sucesso. Realmente Deus opera por Sua infinita misericórdia, mas não pelo uso de objetos ou entrega de dinheiro.

Se você continuar assim, meu amigo, minha amiga; se você continuar confiando em objetos, em coisas, você perderá tudo, ficará sem nada, e colocará em risco sua salvação.

Em certa cidade um fiel de uma seita doou o seu único carro que era de seu trabalho, em uma campanha do tudo ou nada, esperando receber de Deus um novo carro. Após um ano de labuta ao trabalho e esperança de ganhar o novo carro, dirigiu-se ao seu ministro e perguntou: porque não tenho sido abençoado, pois tenho sido fiel a Deus em tudo; doei o meu único carro e estou trabalhando a pé mais de um ano e não tenho recebido de Deus o que me prometeram; a resposta foi: “tu não tens fé suficiente”. E assim tem acontecido com centenas de pessoas que estão sendo enganadas pelos lobos devoradores. 

É claro que as exposições dos “artifícios usados” acima não esgotam totalmente o assunto, mas, cremos que já são suficientes para alertar os nossos amigos leitores.

Confiem no Senhor!

Pr. Elias Ribas

João Placoná – Presbítero, Bacharel em Teologia, Pregador da Palavra, Palestrante e Articulista.