PARA REFLETIRMOS
O destino tem um senso de humor
peculiar. Às vezes, cruel. Um dia, você é aclamado por sua genialidade pessoal,
aplaudido por multidões que jamais o conhecerão de verdade.
No outro, você é apenas uma pessoa
idosa, frágil e esquecida, sentada em uma casa grande demais para sua solidão,
esperando que o telefone toque. Mas o telefone não toca.
A fama, o bom nome, essa entidade
volátil que um dia ilumina e no outro apaga, já não lhe pertencia mais. O mundo
seguiu em frente, como sempre segue, e você que outrora fora protagonista
tornou-se figurante de sua própria existência.
A fama é barulhenta, mas o
esquecimento é sepulcral.
No fundo, todo ser humano carrega
um pedido silencioso de amparo, um desejo secreto de que alguém esteja lá
quando as luzes se apagarem.
Não para impedir o inevitável,
mas para ser testemunha de sua travessia. É preciso ter quem nos segure, quem
nos nomeie, quem nos lembre de que existimos antes que o tempo nos dissolva.