segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Consagração Cristã e Novo Estilo de Vida

Consagração

“Assim, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” Rm. 12:1.

Na edificação de um novo crente, o primeiro problema a resolver é o assunto da consagração.

Mas, se ele puder ou não admitir esta lição depende em grande parte de quão eficazmente ele foi salvo.

Se o evangelho não se apresentou corretamente, aquele que vem ao Senhor Jesus pode considerar-se a si mesmo como fazendo um grande favor a Deus.

Para uma pessoa como ele, converter-se em um cristão acrescenta muita glória à cristandade!

Sob tal ilusão, como alguém poderá lhe falar a respeito da consagração? Inclusive uma rainha tem que ser conduzida ao ponto onde ela ponha com alegria a sua coroa aos pés do Senhor.

Todos nós precisamos atentar que somos nós os favorecidos pelo Senhor ao sermos amados e salvos. Só assim então podemos desejar deixar todas as coisas.

As bases da consagração

Vejamos primeiro o Novo Testamento. Ali encontramos como os filhos de Deus são constrangidos por amor a viver para o Senhor que morreu e ressuscitou por eles 2 Co 5:14.

A palavra «constrangido» significa estar firmemente sujeito ou ser rodeado de modo que as pessoas não possam escapar. Quando uma pessoa é movida pelo amor, experimentará tal sensação. O amor o atará e ele estará assim sem valer-se por si mesmo.

O amor, portanto, é a base da consagração. Ninguém pode consagrar-se sem sentir o amor do Senhor. Tem que ver primeiro o amor do Senhor para depois poder consagrar a sua vida. É inútil falar de consagração se não se deseja o amor do Senhor. Depois de ter visto o amor do Senhor, a consagração será a consequência inevitável.

No entanto, a consagração se apoia também no direito ou na prerrogativa divina. Esta é a verdade que encontramos em 1 Co 6:19-20. «Ou ignorais que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, o qual está em vós, o qual têm de Deus, e que não sois vossos? Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus em vosso corpo e no vosso espírito os quais pertencem a Deus».

Hoje, entre os cristãos, este assunto de ter sido comprado por preço não pode ser entendido cabalmente. Mas, para os coríntios no tempo do império romano, isto estava perfeitamente claro. Por quê?

Porque naquele tempo tinha comércio de humanos. Tal como hoje que você pode ir ao mercado para comprar frango ou pato, da mesma forma podiam-se comprar seres humanos no mercado humano.

A única diferença era que os preços dos mantimentos estavam mais ou menos estabelecidos, enquanto que, no mercado humano, o preço de cada alma era estabelecido fazendo uma oferta no leilão.

Aquele que fazia a oferta mais elevada obtinha o homem, e quem possuía o escravo tinha poder absoluto sobre ele. Paulo utiliza esta metáfora para nos mostrar o que o nosso Senhor tem feito por nós e como Ele deu a sua vida como resgate para nos comprar de novo para Deus.

O Senhor pagou um grande preço – a sua própria vida. E hoje, por causa dessa obra de redenção, nós cedemos os nossos direitos e perdemos a nossa soberania. Já não somos de nós mesmos, porque pertencemos ao Senhor; portanto, devemos glorificar a Deus em nossos corpos.

Somos comprados por preço, o sangue da cruz. Visto que somos comprados, somos seus por direito, por prerrogativa divina.

Por um lado, por amor, escolhemos servi-lo; e por outro lado, por direito, não somos nossos. Nós devemos seguir a Ele; não podemos fazer de outra maneira. De acordo ao direito de redenção, somos seus; e segundo o amor que o resgate gera em nós, devemos viver para Ele.

Uma base para a consagração é o direito legal e a outra base é a resposta de amor.

A consagração está, pois, apoiada no amor, que ultrapassa o sentimento humano, assim como no direito segundo a lei. Por estas duas razões, nada podemos, a não ser pertencer ao Senhor.

Significado real da consagração

Nós devemos saber que ser constrangidos pelo amor não é ainda a consagração; nem tampouco ver o direito do Senhor constitui ainda à verdadeira consagração.

Depois que alguém foi constrangido pelo amor e viu a prerrogativa do Senhor, é necessário fazer algo adicional. Este passo extra nos põe na posição da consagração. Sendo constrangidos pelo amor do Senhor e sabendo que fomos comprados, apartamo-nos quietamente de tudo para ser inteiramente do Senhor.

Esta é a consagração descrita no Antigo Testamento. É a aceitação de um ofício santo, o ofício de servir ao Senhor. Oh Senhor, sendo eu amado, que mais posso fazer a não ser me separar de tudo para poder te servir? Daqui em diante, ninguém pode utilizar as minhas mãos ou meus pés, minha boca ou meus ouvidos, porque estas minhas duas mãos são para fazer as suas obras, meus pés para andar em seu caminho, minha boca para cantar o seu louvor, e meus ouvidos para ouvir a sua voz. Isto é consagração.

Suponhamos que você compre um escravo e o traga para o seu lar. Na porta de sua casa, o homem se ajoelha e te rende homenagens, dizendo: «Amo, você me compraste. Hoje atendo com alegria as suas palavras».

Porque o fato de que você o tenha adquirido é uma coisa, mas que ele se humilhe diante de ti e proclame o seu desejo de te servir é algo mais.

Porque você o compraste, ele reconhece o seu direito. Mas, porque você o amaste mesmo que ele seja tal tipo de homem, ele se declara inteiramente teu. Só isso é consagração.

A consagração é mais que o amor, mais que a compra; é a ação que segue ao amor e à compra. Dali em diante, aquele que se consagra é separado de tudo neste mundo, de todos os seus amos anteriores.

Sucessivamente, ele não fará nada a não ser o que o seu amo lhe ordena. Ele se restringe a fazer somente as coisas daquele único dono. Este é o real significado da consagração.

O propósito da consagração

A consagração aponta não a pregação ou o trabalho para Deus, mas o servir a Deus.

A palavra «serviço» no original tem o sentido de «esperar em», quer dizer, esperar em Deus para lhe servir.

A consagração não implica necessariamente no trabalho incessante, porque o seu objetivo é esperar em Deus. Se Ele quiser que estejamos em pé, pomo-nos em pé; se Ele quiser que esperemos, esperamos; e se Ele quiser que corramos, correremos. Este é o verdadeiro significado de «esperar Nele».

O que Deus requer de nós é que apresentemos os nossos corpos a Ele, não com o fim de subir ao púlpito ou de evangelizar em terras longínquas, mas de esperar Nele. Sem dúvida, alguns podem ter que aceitar o púlpito, já que foram enviados ali por Deus.

Alguns podem ser constrangidos a ir a terras distantes, porque foram comissionados por Deus para ir.

O trabalho em si varia, mas o tempo consumido segue sendo o mesmo – toda a nossa vida.

Precisamos aprender a esperar em Deus. Oferecermos os nossos corpos para que possamos ser aqueles que servem.

Uma vez que nos convertemos em cristãos, devemos servir a Deus por toda a vida.

Logo depois de um médico se tornar um cristão, a medicina retrocede de ser a sua vocação para ser a sua afeição.

O mesmo ocorrerá com o engenheiro. A demanda do Senhor ocupa a primeira prioridade; servir a Deus se converte no trabalho principal.

Se o Senhor permitir, posso desempenhar-me na medicina ou na engenharia para ganhar o meu sustento, mas não poderei fazer deles o meu trabalho de vida.

Alguns dos primeiros discípulos eram pescadores, mas, depois que seguiram o Senhor, eles já não esperavam ser grandes pescadores e bem-sucedidos. Pode ser que lhes fosse permitido pescar de vez em quando, mas o seu destino foi alterado.

Que a graça de Deus nos assista, especialmente aos crentes jovens, para que todos possamos ver como a nossa vocação foi mudada. Que todos os professores, doutores, enfermeiras, engenheiros e industriais vejam que agora a sua vocação é servir a Deus.

Suas vocações anteriores retrocederam para serem afeições. Eles não devem ser muito ambiciosos em seus campos específicos, embora o Senhor possa dar a alguns deles posições especiais.

Aqueles que servem a Deus não podem esperar ser prósperos no mundo, porque estas duas coisas são contraditórias. Daqui em diante, apenas devemos servir a Deus; não temos outra via ou destino.

Na consagração, a nossa oração é: Oh Senhor, tu me deste a oportunidade e o privilégio de vir diante de ti e de te servir. Senhor sou teu. Daqui por diante os meus ouvidos, minhas mãos e meus pés, sendo comprados pelo teu Sangue, são exclusivamente teus.

O mundo já não pode utilizá-los, nem eu tampouco.

Qual é, então, o resultado? O resultado será a santidade, porque o fruto da consagração é a santidade.

Em Êxodo 28 temos por um lado a consagração e pelo outro a santidade ao Senhor. Precisamos ser conduzidos para ver que depois de termos sido convertido em cristãos, estamos inutilizados para todo o resto.

Isto não significa que vamos ser menos fiéis em nossos trabalhos seculares.

Não, nós devemos estar sujeitos às autoridades e cumprir com fidelidade as nossas tarefas.

Mas vimos diante de Deus que a nossa vida deve ser gasta no caminho de servir a Deus; todos os demais trabalhos são secundários.

A Vida Consagrada tem seus segredos, seus encantos e suas paixões. O segredo da vocação à Vida Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua Igreja e pelo seu povo.

Ninguém segue fielmente, por muito tempo, a alguém por quem não tenha encantamento. O segredo da fidelidade na Vida Consagrada está no encantamento por Jesus, por sua pessoa, seu evangelho e seu projeto de vida.

O segredo do seguimento missionário do consagrado está no encantamento pelo estilo e pelo modelo de vida missionária de Jesus.

O segredo da vida espiritual do consagrado está na capacidade de se encantar ou se reencantar cada dia, de começar sempre de novo, e partir, sem olhar para trás. Quem assim não vive, a chama da vocação se apaga e a vida perde o seu sentido e vira fadiga e rotina.

Neste estado de ânimo, dificilmente uma vocação se manterá fiel e perseverante à obra e à missão.

Novo Estilo de Vida

Para nos é motivo de muita alegria que você seja salvo! Seus pecados foram perdoados e você agora passa a viver uma nova jornada rumo ao céu.

Você está cheio de alegria e grato ao Senhor Jesus, que morreu por na cruz, tudo isso para salvar você.

Você já deve ter comunicado esta novidade a todos os amigos e familiares. Isto é normal! Uma pessoa salva deseja que muitos outros também conheçam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

No entanto não se surpreenda se começar a surgir pensamentos como este: "Agora que alcancei a salvação, o que fazer”?

Eis aqui algumas sugestões que ajudarão na nova jornada.

Emoções conflitantes

Cuidado! Dentro das 24 horas seguintes à sua experiência, qualquer novo convertido pode ter dúvida sobre a realidade da sua experiência.

Aquela emoção inicial pode diminuir e fazer com que o novo convertido pense que sua experiência com Cristo foi um tipo de alucinação ou uma experiência irreal.

Crise de transformação

Vícios e hábitos nem sempre desaparecem imediatamente e isto pode ser motivo de muita ansiedade.

O novo convertido deseja corresponder à expectativa de mudança instantânea.

“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” II Co 5.17

Ele espera vencer imediatamente o cigarro, a droga e o álcool, talvez por causa do testemunho de outros que tiveram sucesso. A verdade é que algumas pessoas precisam de um acompanhamento pessoal e outras precisam até mesmo de clínicas de reabilitação.

Pressão dos amigos

As pessoas do seu ambiente social vão pressioná-lo para que retorne aos padrões de sua vida antiga. Isto é especialmente difícil para os jovens, mas acontece com todos. Velhos amigos possuem um grande poder de influência e podem levar o novo convertido a desistir da fé.

É vital, portanto, que os irmãos da Igreja o envolvam até que ele seja capaz de responder apropriadamente aos antigos amigos.

Siga o novo caminho

A Bíblia Sagrada descreve o que ocorre quando alguém crê no Senhor Jesus Cristo e é salvo: uma delas é o novo nascimento, de Deus.

“Assim saberemos que somos da verdade; e tranquilizaremos o nosso coração diante dele...” I Jo 3.19

Isto é nascer de novo. E todo que nasce de novo passa a viver hábitos novos, porque agora apreciamos melhor o que devemos fazer.

“Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância.” I Pe 1.14

Agora como criança recém-nascida você deve desejar o genuíno leite espiritual, para que por ele seja dado o crescimento para salvação que agora você alcançou, conforme:

“Portanto, livrem-se de toda maldade e de todo engano, hipocrisia, inveja e toda espécie de maledicência. Como crianças recém-nascidas, desejem de coração o leite espiritual puro, para que por meio dele cresçam para a salvação...” I Pe 2.1 e 2

Leia a Bíblia:

Você deve se alimentar e nutrir a nova vida espiritual.

O alimento indicado é a Palavra de Deus. A Sagrada Escritura é indispensável para a sua capacitação e crescimento espiritual, conforme Paulo ensinou a seu filho na fé Timóteo:

“Porque desde criança você conhece as Sagradas Letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” II Tm 3.15-17

Obedeça aos ensinamentos:

Para que possamos dar um bom testemunho público de nossa fé em Cristo, precisamos obedecer aos ensinamentos, porque a obediência é o primeiro distintivo dos cristãos e todo cristão deve estar atento em vigiar e orar pedindo sempre a graça de Deus para obedecer ao senhorio de Cristo.

Saiba que o diabo, nosso adversário, vai fazer tudo para você recuar, mais saiba que ele também tentou Jesus Cristo:

“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo Diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome. O Diabo lhe disse: ‘Se és o Filho de Deus, manda esta pedra transformar-se em pão’. Jesus respondeu: ‘Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem’. O Diabo o levou a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo. E lhe disse: ‘Eu te darei toda a autoridade sobre eles e todo o seu esplendor, porque me foram dados e posso dá-los a quem eu quiser.  Então, se me adorares, tudo será teu’.  Jesus respondeu: ‘Está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto’. O Diabo o levou a Jerusalém, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: ‘Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra.’ Jesus respondeu: ‘Dito está: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’.” Lc 4.1-12

A obediência a Palavra de Deus faz com que nós vençamos as lutas pela Palavra.

“Se vocês me amam, obedecerão aos meus mandamentos” Jo 14.15

Somente os que obedecem a Palavra de Deus demonstram seu amor a Ele.

Afinal de contas, a vida cristã é uma peregrinação contínua de obediência.

Comece a viver o amor mútuo

Jesus assim ensinou:

“Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros.” Jo 13.35

O amor de uns pelos outros é a marca dos discípulos de Cristo. Os discípulos não são identificados por sinais, insígnias, uniformes e sim por amor uns aos outros.

Foi esta prática da igreja primitiva que começou a cair na graça do povo, e dia-dia o Senhor acrescentava o número dos salvos, porque viviam em amor.

Sinceramente, novo irmão em Cristo, desejamos gozo, paz e satisfação em sua vida como filho de Deus.

Deixamos a palavra do Apóstolo Paulo:

“Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus.” Fl 1.6.

Watchman Nee

João Placoná – Presbítero, Bacharel em Teologia, Pregador da Palavra, Palestrante e Articulista.