domingo, 2 de novembro de 2014

CANTORES GOSPEL: A profanação do Ministério Levítico

O debate em torno da sã doutrina em dias atuais já não pode fugir daquilo que outrora chamávamos de louvor e adoração, mas que hoje sofre tamanhas deformidades que o zelo bíblico nos impede de rotular da mesma forma aquilo que em grande parte temos avistado, pois a questão da música gospel e dos cantores gospel tem sido um divisor de águas nas concepções de muitos cristãos brasileiros e um ponto angustiante para outros tantos.

É bom esclarecer logo de inicio que não temos a intenção de promover negativamente a imagem de ninguém com esse trabalho. Prova disso é que em toda série evitaremos citar nomes, exceto aqueles que necessariamente precisarmos, dando ênfase a práticas e ensinos, sobre os quais pretendemos lançar a luz da Palavra de Deus, com o fim de remover a obscuridade que lhes cerca e as muitas dúvidas que deixam nas almas menos esclarecidas.

Semelhantemente, não pertencemos a nenhum movimento fundamentalista que defende teorias conspiratórias ou que vê sinais apocalípticos em tudo.

Nossa visão é equilibrada, mas em defesa da sã doutrina, com o fundamento inegociável do que estabelece a Palavra de Deus.

O grande sucesso atual da música gospel

Há uma década a música evangélica era vista com desdém e desconfiança por parte do chamado “mercado fonográfico”, assim como da grande mídia.

Os cantores cristãos eram tidos por “amadores” e pouco reconhecidos dentro de um universo que requer técnicas e tecnologias muito apuradas. Isso tudo mudou.

Hoje a música evangélica não pertence mais à igreja, passou a se chamar gospel, que apesar de ser apenas uma tradução americanizada do termo evangélico, passou a ter um sentido de estilo musical (como reggae, pagode, funk, rock, mpb e outros), além de ter se tornado uma espécie de gíria que generaliza tudo que se refira ao meio evangélico.

Aqueles maravilhosos e humildes cultos evangelísticos na carroceria de pequenos caminhões ou em singelos palcos improvisados, onde louvavam ao Senhor muitos irmãos e irmãs, deram lugar a megaestruturas, com poderosos canhões de luzes multicoloridas, nuvens de gelo seco, palcos gigantescos, ocupando milhares de metros quadrados. Centenas de funcionários de apoio e outras centenas de milhares de pessoas histéricas, gritando e pulando, tal como fãs a venerar seus ídolos.

As apresentações que ocorriam dentro das igrejas, que normalmente lotavam em suas festas de aniversário, onde os cantores faziam parte da programação, agora ocorrem sem nenhum pudor em grandes casas de espetáculo (até sambódromos), com cobrança de ingressos e campanha publicitária, não deixando nada a desejar para qualquer evento musical promovido pelo mundo.

Mais recentemente, tais cantores já não se detêm às chamadas “gravadoras evangélicas” (que também são dignas de profundas críticas) e já assinam contrato com gravadoras do mundo, inclusive as que pertencem a empresas que flagrantemente atacam o povo de Deus e promovem princípios contrários às Escrituras Sagradas.

Atualmente, tem sido comum a sua presença em programas de televisão, apresentados por pessoas declaradamente inimigas do Evangelho, dando audiência e rendendo lucros para emissoras também inimigas do Evangelho, banalizando a imagem da música cristã, tornando-a apenas um item a mais num balaio de atrações vazias e mundanas.

Em meio a esse cenário, aumenta a cada dia o número de informações de que esses “cantores gospel de sucesso” estão envolvidos com práticas obscuras, comportamentos morais deploráveis, fazendo exigências luxuosas para seus locais de hospedagem, arrancando dinheiro das igrejas e enganando os incautos, que a cada dia se tornam mais parecidos com fãs e mais próximos da idolatria que o mundo já pratica há séculos.

Todos os cantores gospel estão envolvidos nesse processo? É óbvio que não.

Deus sempre terá joelhos que não se dobram a baal, mas a incidência dos que se inserem nessa realidade é tamanha, que os males já estão à vista, dentre os quais o grave prejuízo á credibilidade da Igreja, cabendo ao povo de Deus um posicionamento firme e bíblico a respeito.

A estratégia de marketing

Muitos irmãos não percebem, mas as canções gospel que tocam em seu rádio não estão ali por acaso. Tal como se dá no mundo, elas seguem um planejamento, estipulado pelas gravadoras, que impõem aos cantores até mesmo um roteiro de letras e estilo de músicas que devem ser gravados.

Aquilo que faz “sucesso” é o que deve ser divulgado. Perceba, por exemplo, vários cantores gospel seguem um mesmo roteiro, um mesmo estilo. Isso não ocorre por acaso. É estudado, é minuciosamente trabalhado, para cair no agrado do povo cristão e render milhões de reais a seus executores.

Histórico e decadência

É evidente que a música cristã moderna, via de regra, é bem inferior aos hinos clássicos que eram escritos 200 anos atrás.

Isto não é uma reclamação do estilo, no qual as músicas são escritas, na maioria das vezes. Ao invés, as letras são o que revelam mais nitidamente quão baixo nossos padrões caíram.

Os hinos do passado eram ferramentas didáticas maravilhosas, cheias da Palavra e de doutrina (ensinamento) sólida, um meio de ensinar e admoestar uns aos outros, como nos é ordenado em Colossenses 3.16 (A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.).

Mais de cem anos atrás, a música de igreja tomou uma direção diferente e o seu foco se tornou mais subjetivo. As músicas passaram a enfatizar a experiência pessoal e os sentimentos do adorador.

Os músicos modernos têm promovido essa tendência ainda mais e o que semeamos por várias gerações estamos colhendo agora em abundância assustadora.

A igreja moderna, alimentada por letras insípidas, tem pouco apetite pela Palavra e pela doutrina bíblica sólida.

Nós também corremos o perigo de perder a rica herança da hinologia, visto que alguns dos melhores hinos da nossa fé caem na negligência, sendo trocados por letras banais dentro de ritmos secularizados.

É uma crise, e a igreja está sofrendo espiritualmente. A diferença principal é que a maioria das músicas gospel são expressões de testemunho pessoal visando tocar uma audiência formada de pessoas, enquanto a maioria dos hinos clássicos eram músicas de louvor dirigidas direta e exclusivamente a Deus.

O estilo e a forma da música gospel foram pegos emprestado diretamente dos estilos musicais populares do final do século XIX. 

O homem geralmente considerado o pai da música gospel é Ira Sankey, um talentoso cantor e compositor, que galgou fama agarrado em D. L Moody, um dos maiores evangelistas da era moderna da igreja.

Sankey era o solista e líder de música para as campanhas evangelísticas de Moody na América do Norte e Inglaterra. Sankey queria uma música mais simples, mais popular e que se prestasse mais ao evangelismo que os hinos clássicos. Então ele escreveu novas músicas – na maioria mais curtas, cantigas simples com refrãos, no estilo das músicas populares da sua época.

Sankey cantava cada verso como um solo e a congregação juntava-se a ele em cada refrão. Embora a música de Sankey tenha provocado alguma controvérsia no início, logo a forma pegou no mundo inteiro.

Já no início do século XX a maioria das novas obras eram músicas no gênero que Sankey inventou. As letras dessas músicas não falam nada de substância real, e o que elas falam realmente não é particularmente cristão. É uma pequena rima sentimentalista sobre a experiência e sentimentos pessoais de alguém.

Enquanto os hinos clássicos procuravam glorificar a Deus, as músicas gospel glorificavam o sentimentalismo puro e simples. Várias músicas gospel sofrem dessas fraquezas… Antes de Sankey, os hinos eram propositadamente compostos com um objetivo didático.

Eram escritos para ensinar e reforçar conceitos bíblicos e doutrinários no contexto do louvor direcionado a Deus. Esses hinos visavam à adoração a Deus, proclamando sua verdade de maneira a aumentar a compreensão da verdade pelo adorador.

Eles criaram um padrão de adoração, que era tão racional quanto emocional. E isso era perfeitamente bíblico. Afinal de contas, o primeiro e maior mandamento nos ensina a amar a Deus do todo o nosso coração, alma e mente (Mateus 22.37).

Nunca teria passado pela cabeça dos nossos ancestrais espirituais que o louvor era algo feito com o intelecto subjugado. A adoração que Deus procura é a adoração em espírito e em verdade (João 4.23,24).

Hoje em dia, a adoração é frequentemente caracterizada como algo que acontece bem longe do domínio do nosso intelecto. Essa noção destrutiva tem criado vários movimentos perigosos na igreja contemporânea.

Talvez tenha chegado ao ápice no fenômeno conhecido como a Bênção de Toronto, onde risos irracionais e outras emoções selvagens eram considerados a mais pura forma de adoração e “uma prova visível da bênção divina”.

Essa noção moderna de adoração como um exercício irracional tem causado muito prejuízo às igrejas, implicando em um declínio na ênfase da pregação e do ensino dando mais ênfase em entreter a congregação e em fazer as pessoas se sentirem bem.

Tudo isso deixa o crente no banco da igreja destreinado e incapaz de discernir, e muitas vezes jubilosamente ignorante dos perigos ao seu redor.

Como se não bastasse toda a alteração por que passou a música cristã, uma cultura de mercado se apossou da musica da igreja nesses últimos anos. Para quem se converteu há mais ou menos vinte anos, terá mais dificuldade em compreender que há algo errado com a musica chamada evangélica (agora gospel) por já ter pego o bonde em movimento, mas para quem conheceu Cristo antes desse período, certamente notará a mudança que ocorreu no mundo da musica cristã.

Antigamente o cantor crente era uma pessoa comum, humilde, simples, de quem nós na igreja não víamos nada de especial, enxergando apenas que o irmão tinha recebido um dom como qualquer outro da parte de Deus.

Nesse tempo ainda não existia a visão comercial e obviamente ninguém pensava em fazer uma musica para ganhar dinheiro, portanto não existiam cantores ricos ás custas do louvor - fato hoje lamentavelmente comum.

Era impensável chamar um cantor evangélico de artista e muito menos em pedir seu autógrafo. Qualquer um que se atrevesse a cobrar 1 centavo que fosse para louvar ao Senhor seria imediatamente desqualificado e despedido como mundano e necessitado de conversão.

Tempos bons… onde por mais que um irmão obtivesse êxito em compor e dispusesse de uma voz privilegiada, jamais tinha esses talentos como sendo seus, mas os via como ferramentas dadas por Deus para servi-lo como um dever, jamais aceitando elogio, honra, dinheiro ou glória por isso.

”Como o crisol é para a prata, e o forno para o ouro, assim o homem é provado pelos louvores que recebe.” ( Provérbios 27:21 )

Mas ai veio a apostasia que nos arrebatou e nos transportou para o caos que nos encontramos hoje.

O irmão, que outrora tinha orgulho em ser visto como um levita, humildemente, usava sua voz para num coro, para ajudar a igreja a oferecer uma oração sublime a Deus em forma de musica, agora se transformou numa “estrela” pop-gospel.

O que isso significa? Significa que ele passou de irmão para ser um artista, uma celebridade, um “profissional” da musica como qualquer outro segundo os moldes do mundo.

O que era uma santa obrigação passou a ser profissão, e muitíssimo bem remunerada; agora não é mais uma pessoa simples e comum, a humildade foi para a estratosfera, hoje ele é o “cara”. Seguindo a orientação do seu empresário, ele tem fã-clube e assessoria de imprensa; se vestindo de forma diferenciada, desfila em carros importados, mora em mansões e produz clips de proporções hollywoodianas, seguindo os padrões do mundo e despertando em outros milhares de irmãos o desejo de seguirem esse diabólico sonho (ou seria pesadelo?) dourado.

Outrora nós dizíamos que determinado irmão viria louvar hoje a noite, mas hoje se diz que o cantor vai “se apresentar”, fazer um show; e em vez da igreja, agora ele “louva” nas casas de espetáculo do mundo, porque o negócio todo é feito em louvor ao dinheiro e é lá onde ele pode faturar mais sob os gritos frenéticos dos seus ex-irmãos, agora fãs.

O próprio termo “show” já revela por si mesmo quem está por traz da coisa toda, e para esse “show” o irmão hoje cobra  algo vergonhoso e infame chamado “cachê”, que obviamente deve ser “santo”, e que muitas vezes corresponde ao salário de anos de trabalho de um assalariado comum.

Parece-me que o versículo de Mateus 10:8, “De graça recebestes, de graça daí.”, não está mais vindo impresso nas bíblias e por isso não é mais pregado nos púlpitos de hoje em dia.

O resultado é que esses menestréis que posam de cristãos, estão fazendo verdadeiras fortunas às custas de gente tola e míope, que não se importam em pagar por diversão travestida de louvor, que se fosse verdadeiro não teria preço, ou no mínimo lucro, para levá-las no embalo de suas emoções ao mundo de um céu imaginário e efêmero, fruto de suas ilusões religiosas humanas aprendidas de púlpitos estéreis e escritores evangélicos de quinta categoria.

Fica racionalmente evidente que esse “ser” que a musica gospel moderna finge cultuar não é o Deus da bíblia, porque se for, em vez de culto, isso na verdade é um insulto a “inteligência” de Cristo. O Senhor acusou Israel de tentar, sem sucesso, viver ao seu bel prazer e ao mesmo tempo, através de rituais vazios, apaziguá-lo.

O Senhor disse: “Afasta de mim o estrépito (ruído, som, ostentação, pompa) dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.” (Amós 5:23), “Odeio, desprezo as vossas festas(eventos religiosos), e as vossas assembleias (cultos) solenes não me exalarão bom cheiro.” (Amós 5:21), “Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios(templo)? Não continueis a trazer ofertas vãs(sem valor); o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias (reuniões); não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, A MINHA ALMA AS ODEIA; JÁ ME SÃO PESADAS; JÁ ESTOU CANSADO DE AS SOFRER. Por isso, quando levantam as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos.” (Isaias 1:12-15)

Semelhante erro a igreja evangélica emergente está repetindo, acreditando que nesse caso o fim será diferente do de Israel. Deus, porém, adverte na Sua Palavra que será o mesmo.

Um certo homem de Deus dizia que o momento onde os crentes mais mentem é na hora do louvor; o que infelizmente tenho que concordar. A leviandade está impregnada na maior parte do louvor de vanguarda que se faz hoje em dia, e como nos tempos de Israel, é impossível que tamanho disparate passe despercebido pelo Altíssimo que, apesar de a grande maioria dos crentes não tomar conhecimento, Deus tem o poder de ler os corações.

É 100% impossível dizer uma vírgula que não seja verdade, sem que Ele o saiba. Convém que cesse de imediato toda profonação do santo louvor, porque essa iniquidade custou caro aos Israelitas, para alguns deles a própria vida, e não tem porque acontecer diferente agora. Cada palavra que sair de nossas bocas tem que corresponder à mais absoluta verdade de nossa vida prática, ou então esperemos para pronunciá-las no tempo em que os nossos atos permitam que elas sejam proferidas sem prejuízo à verdade. Negociar declarações de amor, de agradecimento, e de adoração ao Altíssimo prova que essas declarações são no mínimo falsas e atesta uma ignorância fora de qualquer parâmetro por tentar ludibriar o Autor de toda inteligência.

Todavia, a problemática é ainda mais séria...

O ministério do louvor eclesiástico é constituído de muitas e nobres atribuições a serem desempenhadas em favor da Igreja do Senhor. O mesmo envolve de tal forma aqueles que a ele se dedicam, que exige tempo, esforço, preparo, unção e cuidado.

Se o cantor cristão não souber administrar seu comportamento, com graça e vigilância, poderá ser vítima da vaidade, que tem levado muitos ao desprestígio e queda, diante de Deus, da igreja e dos homens. Solenemente proclama a Bíblia: "A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda" (Pv 16:18). Dessa forma, é imprescindível estar atento ao que se passa em torno do ministério..

O termo  “Vaidade” vem de vanitate (lat.), com o significado de "vão, ilusório, instável ou pouco duradouro; desejo imoderado de atrair admiração ou homenagens". Esse último significado tem muito a ver com a vaidade no ministério musical. 

A Filosofia Gospel é a mãe da distorção musical de nossos dias

O que se chama de música gospel é na verdade o produto do que eu entendo como “cultura gospel”, que é uma filosofia baseada em “iluminações teológicas” questionáveis e em princípios voláteis e mutáveis de vida cristã.

Nessa cultura muitos se declaram cristãos, mas, não são de Cristo na essência,  na pureza e na plenitude do compromisso (Mt. 7.21-23; Fp. 3.18—19).

Trata-se de um fenômeno recente e que se difere grosseiramente da visão de fé nutrida pelos cristãos primitivos. O movimento gospel é uma nova cultura, “um novo modo de ser evangélico”. Esse movimento privilegia: a música, o mercado, lazer e entretenimento, o capitalismo e os interesses financeiros.

É um modo de vida evangélica que adapta aspectos seculares aos seus parâmetros. Nesse contexto, a música tem um lugar especial e é considerada a parte mais importante do culto, aliás, do show.

O culto é um espetáculo; as prédicas são um chamamento à autoajuda, autoestima, conquistas de bens materiais como sinal de fé verdadeira, enriquecimento e superexposição da autoimagem.

O movimento cultural gospel permitiu a inserção de elementos profanos na forma de viver a fé dos evangélicos brasileiros, como por exemplo: teologia da prosperidade; o mercantilismo da fé, o positivismo religioso; uma visão distorcida e esotérica da guerra espiritual; surgimento de relíquias e elementos mediadores da graça e da cura divinas; o surgimento de apóstolos, patriarcas, cantores estrelados e outros afins.

Não obstante, o a cultura gospel deu um forte golpe no modelo tradicional eclesiástico, criando igrejas alternativas, comunidades terapêuticas, com seus ministérios de danças e suas liturgias que se adaptam “ao gosto do cliente”. É na maior parte desses meios que surgem os “artistas gospel” da modernidade, gerando o perigoso cenário para as armadilhas sobre as quais passaremos a discorrer agora.

As armadilhas espirituais presentes na cultura e na música gospel

A armadilha sexual

Não é à toa que o sábio, escritor do livro de Provérbios, exortando o filho de Deus, ensina que é necessário ter sabedoria, bom siso e temor do Senhor, para se livrar da mulher adúltera, "que lisonjeia com suas palavras, a qual deixa o guia da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; porque a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para os mortos; todos os que se dirigem a elas não voltarão e não atinarão com as veredas da vida" (Pv 5.16-19).

Muitas vezes, por falta de vigilância, de oração e pela exposição que o universo artístico gospel proporciona, tal como no meio secular, surgem muitas oportunidades para o pecado sexual. Fãs alucinadas, em busca do contato físico de seus ídolos já não são privilégio apenas do mundo e nós temos tomado conhecimento de diversas e tristes histórias que envolvem cantores e cantoras do meio evangélico pelo Brasil a fora.

Louvamos a Deus por aqueles que se mantém íntegros, porém, com tristeza asseguramos que a impureza ocorre em níveis muito mais avassaladores do que a maioria de nós imagina.

Não há outro caminho para escapar da queda, a não ser o temor de Deus, a vigilância, a oração (Mt 26.41). A Bíblia diz: "Tem cuidado de ti mesmo..." (1 Tm 4.16).

A  armadilha material

O dinheiro, em si, não é mau. A Bíblia não diz em nenhuma parte que o dinheiro é pecaminoso. Mas ela nos adverte quanto ao "amor do dinheiro", que é a "raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores" (1 Tm 6.10). É uma perigosa armadilha pode levar muitos à vaidade e à morte espiritual. 

A Palavra de Deus é infalível. Aqueles que não têm cuidado de vigiar no trato com recursos financeiros, acabam afundando na cobiça, esquecendo-se da missão, e tornando-se verdadeiros cambistas, negociantes e mercantilistas do  sagrado dom que receberam.  

Nesses tempos em que a música cristã tornou-se produto rentável e onde propostas milionárias corrompem e fazem com que cantores cristãos passem a trabalhar para instituições inimigas do evangelho, vemos com absoluta clareza o quanto tem  razão a Palavra de Deus, quando adverte que "o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males...". 

A armadilha egocêntrica

Todo homem de Deus tem o dever de tratar bem as pessoas e o direito de ser bem tratado pelos que dele se aproxima, pois não é uma pessoa qualquer, mas um servo de Deus, que está incumbido da missão mais importante da face da terra, que é a difusão da Palavra de Cristo. A Bíblia diz: "a quem honra, honra" (Rm 13.7). Contudo, há aqueles que, dominados pelo sentimento vaidoso, extrapolam seus interesses, e passam a exigir um tratamento exagerado em torno de sua própria pessoa. 

Sabemos de diversos cantores do mundo gospel que exigem passagem  enviada por determinadas empresas aéreas e em classe executiva; que lhes seja providenciada hospedagem em hotéis de categoria internacional (cinco estrelas). Alguns exigem troca de toalhas, cobertas e cortinas, conforme suas cores prediletas e outros determinam que andares inteiros do hotel lhes sejam de exclusivo uso. 

A vaidade  é o fruto do mercantilismo que tem mortificado muitos ministérios. Fica a nossa denúncia e o nosso alerta.

Um recado aos pastores

Eu não poderia finalizar essa matéria sem claramente afirmar que a música evangélica não teria se tornado esse caos degradante, não fosse a irresponsabilidade, o descompromisso e a ambição materialista de muitos falsos pastores que envergonham e maculam o santo evangelho de Cristo Jesus.

Não é mais novidade que os “consagrados e famosos cantores gospel” já pertencem aos palcos de programas globais e às casas de espetáculo e não se sentem mais sob o compromisso de louvarem na sagrada simplicidade do púlpito cristão.

Cabe, portanto, aos pastores de nossas igrejas jamais incentivá-las a abastecer e patrocinar esse mercado interesseiro que se traveste de cristão.

Há no Brasil inteiro muitos cantores evangélicos talentosos,  humildes, cheios da unção de Deus, mas que, por serem jovens ou não serem famosos, são esquecidos, e nunca aproveitados em cruzadas e congressos de grande porte.

Seria isso apenas um descuido dos pastores que organizam tais eventos ou a explicação estaria no fato de que não lhes parece lucrativo abrir mão de cantores famosos em favor de ministros consagrados a Deus?

Eu não me atreveria a ingressar no indevido campo do julgamento humano, mas estou certo de que Deus pesará os corações e esse lastimável quadro de profanação ao santo ministério levítico, trará as suas devidas consequências.

Que O Senhor abençoe Sua Igreja e mantenha firmes os joelhos que ainda se recusam prestar culto ao baal da vaidade e do enriquecimento às custas do ministério.

Pr. Reinaldo Ribeiro

Pb. João Placoná