domingo, 12 de novembro de 2017

Jesus levou... nossas enfermidades - Os crentes não devem ficar doentes?

sarados

É muito comum ouvirmos alguns crentes afirmarem que o cristão que está doente não deve aceitar essa condição porque Jesus levou lá na cruz todas as nossas enfermidades e, por isso, o crente não deve ficar doente.

O texto que é usualmente usado para essa afirmação é Isaías 53.4: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.”.

Segundo muitos esse texto seria o embasamento de que o crente que está doente está em pecado ou está com uma fé “pequena”, por isso, precisa exercer a sua fé com mais firmeza, pois essa doença foi levada por Cristo lá na cruz e não deveria acontecer na vida desse crente.

Temos dificuldades de crer nesse conceito por alguns motivos que expomos abaixo:

(1) Qual seria o significado de “enfermidades” no texto de Isaías 53.4? No hebraico a palavra é “choliy”, que significa “doença”. Mas será que o texto está falando de doenças físicas?

Creio que a obra de Jesus pode sim repercutir positivamente em nosso físico, porém, o contexto parece nos indicar que os benefícios curativos da morte de Cristo tem um alvo muito mais espiritual que físico.

O versículo cinco desse mesmo texto de Isaías diz: “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”.

Note que as “doenças” citadas no contexto são as transgressões e iniquidades, que apontam para o ser humano afundado no pecado. Jesus foi traspassado e moído por causa dessas doenças (nossos pecados) e não de doenças físicas.

Note ainda que essa obra curativa de Jesus sobre essas nossas doenças nos tornou “sarados”.

A ênfase aqui não é em problemas de saúde do nosso físico, mas do nosso espírito. Jesus nos sarou das consequências de nossa pior doença (pecado).

Jesus não morreu na cruz para que nós não tivéssemos mais uma dor de cabeça ou uma dor na coluna ou outra doença.

É claro que aquilo que está em nosso espírito pode repercutir no físico, mas isso não significa que a obra de Jesus foi para nos livrar de todas as doenças físicas e que nunca deveríamos ficar doentes fisicamente.

(2) Considerando que Jesus tenha levado nossas doenças físicas lá na cruz como alguns dizem, como podemos harmonizar esse pensamento com o fato de que milhares de crentes ficam doentes todos os dias (e até morrem em decorrência dessas doenças) no mundo inteiro? E ainda o fato de vários crentes terem ficado doentes na Bíblia Sagrada (Paulo, Timóteo, Lázaro, Trófimo, etc)?

Servos de Deus ficam doentes o tempo todo e nem por isso estão longe de Deus.

Ora, seria a obra que Jesus fez na cruz fraca ou mal feita a ponto de não fazer efeito na vida de seus servos? Essa obra de Jesus estaria apoiada em nossas obras e não nos méritos Dele?

O texto de Isaías é enfático ao dizer que “pelas suas pisaduras fomos sarados.”. Não há margem alguma para pensarmos que algum crentes verdadeiros são sarados e outros não. Ou que crentes podem ficar sarados em alguns momentos e em outros não.

Em nosso entendimento o texto de Isaías só consegue estar harmonizado com a salvação pela fé, que não é por obras do ser humano, e que é operada totalmente e plenamente por Deus (Efésios 2.8) . Só assim o “fomos sarados” se cumpre sem dúvida alguma e plenamente na vida do ser humano.

A obra de Jesus citada por Isaías é a de remissão de nossos pecados, nossa maior doença.

(3) Assim concluímos que o argumento de que Jesus levou todas as nossas doenças físicas lá na cruz e que não podemos ficar doentes, não tem embasamento no texto de Isaías.

Devemos sim buscar a cura nos meios que Deus coloca diante de nós, na medicina, por exemplo, e, por que não também no agir sobrenatural de Deus quando necessário.

Porém, não podemos afirmar que se um crente está doente isso signifique que a obra de Jesus não esteja sendo feita na vida dele.

Muitos crentes verdadeiros, inclusive, morrerão vítimas de doenças e morrerão plenamente na presença de Jesus sem qualquer prejuízo da obra de Cristo na cruz.

Pb. André Sanchez

Pb. João Placoná