terça-feira, 3 de maio de 2016

Depressão não é frescura

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“Faz uns dois anos que tenho andado muito estranha. Tenho estado desanimada, sem vontade de correr atrás dos meus sonhos, descuidada, sem vontade de sair de casa e até sem desejo de ir à igreja e orar. Meus parentes tentam me animar, mas, geralmente, não conseguem. Já ouvi alguns deles dizerem que isso tudo é frescura minha, que eu preciso aprender a dar mais valor à minha vida. Isso me machuca muito, não tenho sabido lidar com essa questão. Não sei se procuro um médico, se faço uma campanha de libertação na igreja, já que alguns dizem que estou com problemas espirituais”.

Esta descrição esconde algo muito comum que ocorre em milhares de lares em todo o mundo.

A sociedade tem estado preparada para lidar com doenças físicas (Pneumonia, Gripes, Dengue, Câncer, etc.), mas têm estado pouco preparada para lidar com as doenças emocionais.

Esse é o caso de milhares de famílias. Por isso, trazemos alguns pontos importantes sobre essa questão da depressão, que todos nós devemos refletir.

Depressão não é frescura.

Hoje sabemos que a depressão é uma doença e como tal deve ser tratada com muito cuidado e da forma correta por um profissional da saúde gabaritado. Com o conhecimento que temos, não é mais possível que tratemos uma doença tão grave e com tamanho potencial destrutivo como sendo um simples capricho ou mesmo frescura da pessoa.

Qualquer pessoa que perceba que está estranha, desanimada, sem vontade viver e coisas do tipo, deve procurar a ajuda de um médico para que ele avalie o caso e possa iniciar o tratamento.

Depressão nem sempre está ligada a problemas espirituais.

É muito comum nos meios cristãos se associar esses sintomas da pessoa depressiva a algum pecado grave que a pessoa esteja cometendo ou mesmo a possessões demoníacas.

Sabemos que pessoas que estão longe de Deus e envolvidas em pecados graves podem desenvolver sintomas de depressão, porém, cada caso deve ser avaliado com carinho.

Nem sempre a depressão da pessoa está ligada a causas espirituais. Pessoas que têm a vida espiritual em dia também podem ficar depressivas, pois é uma doença que pode estar relacionada em muitos casos a desregulação hormonal e alterações cerebrais, além de outras causas emocionais, como a perda de um ente querido, por exemplo.

Portanto, uma doença a ser tratada também no campo médico. Devemos agir sem preconceito, buscando ajudar e apoiar a pessoa para que se livre desse mal seja qual for a causa.

Tratar depressão com um médico não é falta de fé. 

Quando temos alguma febre alta, ou uma indisposição mais grave, nossa primeira ação é ir até o pronto-socorro buscar ajuda. Isso não é falta de fé.

É claro que nós oramos, mas não deixamos de ir até os recursos que Deus já nos disponibilizou, os recursos médicos e medicamentosos existentes.

Com a depressão é a mesma coisa. Ele deve ser tratada no campo da oração, da busca da cura em Deus, mas também usando os recursos médicos que Deus, graciosamente, já nos deu através da ciência. Isso é totalmente legítimo.

Tratar a depressão deve mobilizar a família.

Interessante que quando temos, por exemplo, um resfriado, a família se mobiliza. A mãe faz uma canja de galinha, toma precauções para o descanso do doente, etc. Quando alguém tem depressão (doença muito mais grave que uma gripe) precisa também, muito mais, no apoio de quem está ao seu redor (amigos e familiares). E esse apoio vem com palavras e atitudes positivas.

Dizer que a pessoa está com frescura ou usar apenas a crítica não ajuda. O ideal é que a família perceba o que está acontecendo e se informe, ou com um médico, ou com literaturas especializadas, sobre como agir positivamente para abençoar a pessoa que passa pela depressão.

Depressão também deve ser tratada no campo espiritual.

Nós que somos cristãos cremos que Deus participa ativamente de nossa vida. Por isso, a depressão, por mexer fortemente com nossa alma, deve ser tratada também no campo espiritual, seja resolvendo questões espirituais importantes que atrapalham a pessoa a melhorar da depressão (mágoa, falta de perdão, tristeza, falta de fé, etc.), seja com apoio e aconselhamentos.

Quando a pessoa se sente amada e acolhida, o tratamento faz muito mais efeito. O tratamento médico aliado ao apoio espiritual gera muito mais curas e melhoras dos quadros depressivos. Isso já é mais que provado.

Por fim, cremos que o importante é conversar com a família sobre o sintoma. Peça a eles que te compreendam que te ajudem a superar esse momento difícil. Diga a eles que não é frescura o que tem passado.

Peça ajuda, não fique sozinha, isolada, pois isso apenas piora o seu quadro depressivo.

Essa é uma força que você precisa fazer para dar início à sua melhora.

É o começo do seu tratamento. Reconhecer que está doente e pedir ajuda. Com a ajuda de Deus, e com todos os recursos médicos disponíveis, você pode melhorar e pode ser curada dessa doença.

Pb. André Sanchez

Pb. João Placoná