Em
primeiro lugar devemos entender que a Bíblia proíbe qualquer comunicação de
vivos com os mortos. Não existe qualquer possibilidade de contato entre o
espírito de quem já morreu e uma pessoa que está viva.
O
espírito de alguém que já morreu não fica vagando como se não houvesse
organização no mundo espiritual. Eclesiastes
12:7 e Hebreus 9:27 são claros com relação a isso: “e o pó volte à terra, como o era, e o
espírito volte a Deus, que o deu” e “E, assim como aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”.
Sabendo
disso, vemos com clareza que as proibições bíblicas sobre contatos de qualquer
natureza com pessoas mortas, se davam porque se tratavam de uma artimanha do
diabo para enganar as pessoas.
É muito comum em nossa sociedade ouvirmos
histórias de pessoas que “viram” e “ouviram” o espírito de algum parente morto.
Alguns relatam que até conversaram e
receberam mensagens especiais vindas do “além”.
A ideia de que familiares voltam do “além”
para se comunicar com os vivos não é nova, pois aparece em diversas religiões
das mais antigas do mundo.
Porém ganhou força com o crescimento do
Espiritismo e também através da força dada pela mídia, que adora histórias
sensacionalistas, sendo elas verdadeiras ou não.
Na dúvida e na falta de conhecimento, as
pessoas preferem acreditar que é verdade ou mesmo preferem não duvidar.
Pela graça de Deus a Bíblia nos dá fortes fundamentos sobre essa questão, capazes de nortear
uma crença equilibrada e correta sobre a comunicação de mortos com os vivos.
No Antigo Testamento Deus proíbe ao seu povo a prática de consulta aos mortos, muito
comum nas religiões da época.
Observe que Deus trata desse assunto de uma
forma bem séria: “Não vos
voltareis para os necromantes, nem para os adivinhos; não os procureis para
serdes contaminados por eles. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.” (Levítico 19.31).
Os necromantes citados ali são as pessoas que
consultam os mortos. Apesar da proibição, muitos são desobedientes e, por isso,
Deus manda mensagens por meio de Seus profetas: “Quando
vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram,
acaso, não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os
mortos?” (Isaías 8.19).
Mas por que Deus proíbe a consulta aos mortos
se muitos a consideram benéfica? É
interessante pensarmos nessa questão.
Se não houvessem sérios problemas envolvidos
nessa prática por que Deus os proibiria?
Uma análise mais aprofundada dos textos
bíblicos aponta que o espírito das pessoas mortas NÃO tem contato com o mundo
dos vivos nem ficam vagando ou fazendo obras por aqui como afirmam alguns.
Observe: “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o
deu.” (Eclesiastes 12.7). Não existe um caminho do meio que
permita que a pessoa fique vagando aqui pela terra. A Bíblia não autoriza esse
pensamento.
Em outro texto bíblico é clara a afirmação de
que a morte sela o destino da pessoa: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo,
depois disto, o juízo…” (Hebreus 9.27).
Outra indicação clara de que não há esse
contato está na parábola do rico e o mendigo que veremos logo adiante.
Considerando as afirmações do texto
anterior, fica a pergunta: Se os mortos não fazem contato com os vivos, quem
são os que fazem contato com os vivos nas sessões espíritas ou também quando
alguém diz que vê um espírito que lhe parece familiar?
A resposta a essa pergunta é justamente a
razão da proibição tão enfática de Deus à prática de consultar mortos!
Esses espíritos que se passam por espíritos
de pessoas mortas são demônios! Sim, são espíritos malignos, conluiados com o
diabo para enganar.
Apesar de parecerem “bonzinhos” e “do bem”,
se passarem por “espíritos de luz” (2 Co 11.14) e até por parentes de pessoas
que estão vivas, eles infiltram doutrinas destrutivas na mente das pessoas e as
levam para distante de Deus, pois as fazem pecar. Por isso Deus proíbe essa
prática enganosa!
Mas, como podem esses espíritos saber de
coisas tão particulares das pessoas, que somente parentes poderiam saber?
Sabemos que o diabo e seus anjos malignos
podem observar as pessoas. Não seria difícil para esses espíritos malignos
saber de fatos, imitar vozes, trejeitos, etc., pois eles os observam muito bem
e por muito tempo.
Foi exatamente o que aconteceu no caso
bíblico onde o rei Saul diz ter feito contato com o falecido profeta Samuel
através da médium de En-Dor (1 Samuel 28)
Saul conversou com o espírito de Samuel após
a sua morte?
Realmente, muitos usam esse texto como base
para dizer que a Bíblia aponta que a comunicação das almas dos mortos com os
vivos é algo possível.
Mas será que é isso mesmo que o texto aponta?
Será que uma análise aprofundada desse texto
ainda faz dele um apoio à doutrina espírita?
Vejamos algumas considerações sobre esse
texto antes de tirarmos qualquer conclusão:
Já de início vemos o rei Saul descumprindo
uma lei que Deus havia dado em “Dt
18. 11-12: …nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte
os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao SENHOR…”.
Pessoas que faziam esse tipo de “comunicação”
com mortos eram consideradas uma abominação a Deus e consultá-las era afrontar
a Deus.
Isso
por um simples fato: Não há possibilidade desse tipo de comunicação. A
comunicação que dizem que fazem com as almas dos que já morreram é, na verdade,
feita com demônios enganadores. Por isso era proibida por Deus.
Isso mostra o quão longe de Deus o rei Saul
estava. E por causa dessa distância da vontade de Deus, vemos que Deus não mais
lhe respondia. “Consultou Saul
ao SENHOR, porém o SENHOR não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem
por profetas.” (1Sm 28. 6).
Saul, totalmente distante da vontade de Deus,
resolve, por conta própria, fazer aquilo que não agradava a Deus: Consultar
médiuns. Até aqui talvez você ainda não esteja convencido se Saul conversou ou
não com o espírito do profeta Samuel.
Vejamos se esse encontro realmente aconteceu
ou se foi uma farsa demoníaca:
– No final do referido texto (1 Sm 28) vemos
que Saul foi procurar a médium totalmente sensibilizado fisicamente e
emocionalmente e, por isso, foi presa ainda mais fácil da enganação. Observe
que ele estava em um jejum prolongado e totalmente mexido emocionalmente: “De súbito, caiu Saul estendido por
terra e foi tomado de grande medo por causa das palavras de
Samuel; e faltavam-lhe as forças, porque não comera pão todo aquele dia e
toda aquela noite.” (1Sm 28. 20)
– A tal médium já recebe de Saul a dica de
com “quem” ele queria falar, facilitando a enganação demoníaca. “Então, lhe disse a mulher: Quem te farei
subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel.” (1Sm 28. 11).
– A médium diz espantada a Saul que estava
vendo a Samuel. Mas, na verdade, fica mesmo muito assustada com a presença do
rei Saul ali, pois ele havia eliminado de Israel vários médiuns pouco tempo
antes e estava disfarçado (1Sm 28. 3). “Vendo a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher disse a Saul:
Por que me enganaste? Pois tu mesmo és Saul.” (1Sm 28. 12)
– A médium diz que viu Samuel, mas Saul não
viu nada, ficando totalmente à mercê de qualquer enganação, seja da médium,
seja de demônios. “Respondeu-lhe
o rei: Não temas; que vês?” (1Sm 28. 13).
– A médium faz uma descrição óbvia da figura
de Samuel (um ancião de capa); e Saul “entende” que é Samuel. Mais uma vez
friso: Saul não via nada, apenas era conduzido pela médium, sendo presa
fácil. “Perguntou
ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo um ancião e está envolto
numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o
rosto em terra e se prostrou.” (1Sm 28. 14). Observe quão
desequilibrado estava Saul, pois, apenas “entendendo” que era Samuel já se prostrou com o rosto em terra.
– A coisa piora a partir de agora.
[Considerando] que fosse Samuel quem falava pela médium, vemos que esse Samuel
agia à parte de Deus, pois Deus havia desaprovado a conduta de Saul e não lhe
respondia, mas esse Samuel respondia.
O verdadeiro profeta Samuel sempre falava da
parte de Deus e agora depois de morto não falaria mais da parte de Deus? Teria
Samuel resolvido por si próprio falar a Saul sem o consentimento de Deus?
O mundo espiritual estaria uma bagunça que
fugia do controle de Deus?
– O tal “Samuel” faz profecias erradas,
mostrando claramente que não vinha da parte de Deus e que, na verdade, era um
demônio (limitado na presciência e enganador).
Ele revela que Saul e seus filhos morreriam
no dia seguinte, entregues nas mãos dos filisteus (v. 19). Isso não acontece.
Muitos dias se passam e Saul e [alguns] de seus filhos morrem em batalha
[diferente do que o tal “Samuel” tinha dito em 1 Sm 28. 19]
“Entretanto, os filisteus pelejaram contra Israel, e, tendo os homens
de Israel fugido de diante dos filisteus, caíram feridos no monte Gilboa. Os
filisteus apertaram com Saul e seus filhos e mataram Jônatas, Abinadabe e
Malquisua, filhos de Saul.” (1Sm 31. 1-2).
Em 2 Sm 2.8 vemos que Isbosete, filho de
Saul, não morreu na batalha, sobreviveu a ela. “Abner, filho de Ner, capitão do exército de Saul, tomou a Isbosete,
filho de Saul, e o fez passar a Maanaim” (2Sm 2. 8).
Assim, a palavra do tal “Samuel” que a médium
consultava estava errada.
– Profecias que não se cumprem apontam para
falsos profetas. “Sabe que,
quando esse profeta falar em nome do SENHOR, e a palavra dele se não
cumprir, nem suceder, como profetizou, esta é palavra que o SENHOR não
disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenhas temor dele.” (Dt 18. 22).
Samuel, em vida, era profeta verdadeiro de
Deus. Após a sua morte viraria um falso profeta? Não! Esse tal “Samuel” que a
médium entrevistava não era Samuel! Era um demônio disfarçado.
– A morte de Saul foi também consequência da
consulta que fez a uma médium, demonstrando a desaprovação de Deus.
Se Deus realmente falasse por intermédio da
alma do já morto Samuel, por que Saul teria pecado em consultá-lo? “Assim, morreu Saul por causa da sua
transgressão cometida contra o SENHOR, por causa da palavra do SENHOR, que ele
não guardara; e também porque interrogara e consultara uma necromante e
não ao SENHOR, que, por isso, o matou e transferiu o reino a Davi, filho de
Jessé.” (1Cr 10. 13-14)
Muitos utilizam o caso da consulta do rei
Saul a uma médium, que diz ter feito contato com o profeta Samuel, como base
para dizer que existe contato entre vivos e mortos. Mas o texto bíblico mostra
fortes evidências da fraude aplicada pela vidente.
Existe um único caso na Bíblia de
contato – real – entre pessoas que já morreram com vivos. Foi no caso da
transfiguração (Mateus 17.1-8), onde apareceram Moisés e Elias, e estavam
presentes Jesus, Pedro, Tiago e João.
Porém esse caso foi pontual e teve por
objetivo legitimar a missão de Cristo diante de seus principais discípulos,
mostrando a conexão entre a Lei (Moisés), os profetas (Elias) e a vinda do
Messias prometido (Jesus).
Observe no texto que Moisés e Elias falaram
apenas com Jesus Cristo. Não houve contato algum com os apóstolos.
Concluímos que a Bíblia não respalda a prática do espiritismo e nem
afirma que existe a possibilidade de espíritos de pessoas mortas aparecerem aos
vivos.
Tal acontecimento relatado por muitos,
trata-se de comunicação com demônios enganadores, que não tem outro objetivo
senão o de levar as pessoas para longe de Deus através de ensinos não bíblicos.
Presbítero
André Sanchez
Pb.
João Placoná